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19 de out. de 2011


“Debaixo do chuveiro, recebendo no rosto o impacto da água fria, Olívia começou a chorar. Primeiro, lágrimas brandas que formaram pequenas poças na parte inferior das pálpebras, e depois, o desespero do choro descendo caudaloso, acompanhado de soluços violentos. Chorou demoradamente, como há muito não fazia, nem mesmo quando, na intimidade dos travesseiros, se lembrava de casa e contava o seu tempo de ausência, quase seis anos ininterruptos sem ver a família e os amigos queridos.
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 E era por isso que estava chorando agora, porque não sabia como reagir aos baques do infortúnio continuado, uma notícia ruim emendada na outra, um desastre seguido do outro, uma praga ampliada por outra... Ela parecia um elástico que esticou ao máximo e não tem mais disposição nem motilidade para retornar a posição original.E então chorava de dor, de desesperança, de raiva e, pior, de autopiedade, este sentimento ao qual jamais havia sucumbido e que, visto de perto, sentido na pele, parecia um dragão insaciável que se alimentava do próprio fogo. Era horrível ter pena de si mesma quando havia ao redor tanta coisa para ser lamentada.”

A Senhora das Savanas

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